Conceito
A exploração do espaço numa expressão física designada por ELEVETOR NOW procura perspectivar a forma como as pessoas se relacionam num elemento vulgarmente designado de elevador. Trata-se de um espaço comum a um conjunto variado de pessoas e a frequência da sua utilização varia de acordo com o lugar onde está implementado. Pode estar situado num prédio habitacional, comercial, institucional, num aeroporto entre outros. Este produto das sociedades modernas surge como resposta à imposição das linhas arquitectónicas que exploram o espaço na sua verticalidade. É curiosa a ligação da grandeza altura com o distanciamento entre aqueles que percorrem essas estruturas. Notamos ainda que estão associadas a este objecto várias fobias englobadas num conjunto designado por fobias urbanas e que resultam genericamente de estados de ansiedade. Muitas são as causas para este tipo de distúrbios.
A abordagem a um objecto que tem tanto de vulgar como de impessoal sugere-nos algumas questões, como a questão tão comummente referida: para onde caminha a Humanidade? Ligada a um ritmo que provoca doença, fazendo-se transportar em caixas despidas de estética, gosto ou tradição a Humanidade impõe um estilo para si que não é sequer questionado. A sua ocupação do espaço de forma imperativa transporta-a para estádios menos agradáveis como a convivência, ainda que por poucos instantes, com pessoas estranhas que lhe provoca constrangimento.
Com características impessoais e sem qualquer tipo de tratamento personalizado o elevador alberga, por escassos momentos, pessoas que na maior parte dos casos não estabelecem qualquer tipo de ligação com aqueles que se juntam nas pequenas deslocações. Existe aqui uma frieza implícita capaz de acentuar o constrangimento provocado pela convivência com estranhos. As pessoas usam então de pequenos artifícios como a palavra e o pequeno gesto de ocasião para quebrarem com a rigidez que ali é imposta. Verifica-se que no momento em que as portas do elevador se abrem e as pessoas chegam aos seus destinos parece ocorrer uma espécie de libertação contagiante o que torna estes momentos curiosos.
O elevador é neste projecto uma plataforma de reflexão em torno do espaço e da sua ocupação. Visa provocar o observador. De que forma? Procura apresentar um objecto personalizado e estático onde a sua vertente ligada aos movimentos ascendente e descendente é portanto, nula. Trata-se de um convite à entrada numa caixa que transportará o observador para uma experiência e não para uma deslocação.
Tecnologia
Neste projecto foi usado o Processing (http://processing.org/) como ferramenta de criação digital. Procurou-se explorar as características do desenho digital num conjunto que engloba vídeo, som digital e desenho. O ritmo imposto às linhas vive de um desenho constante, de acordo com a envolvência do sujeito fruidor. A Visão por Computador possibilitou utilizar as acções desenvolvidas pelos participantes no registo do desenho das silhuetas apresentadas sobre o vídeo.
Projecto Artístico desenvolvido Raquel Barros Pinto e Filipe Leite, no contexto do Mestrado em Tecnologia e Arte Digital, Universidade do Minho, 2009
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